OS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS PRODUZIDOS PELAS PRAIAS NO BRASIL.

A organização de seres vivos e não vivos, envoltos por interações complexas, dinâmicas e contínuas com seus ambientes físicos e biológicos é chamada de ecossistema. O contínuo desenvolvimento e crescimento das populações humanas pode como consequência, resultar em degradação dos ambientes naturais, gerando deturpação dos ecossistemas e de suas dinâmicas. Contudo, a alteração de ambientes naturais pode interferir direta ou indiretamente no desenvolvimento e crescimento urbano, uma vez que estes, atualmente, são vistos como interdependentes devido às influências que um mantém sobre o outro.

Os ecossistemas naturais, adaptativos e complexos, apresentam propriedades e processos dentre seus constituintes que podem gerar produtos benéficos ao bem-estar humano, que são chamados de serviços ecossistêmicos. Estes se dividem em quatro categorias que se distinguem de acordo com as semelhanças de suas funções ecossistêmicas e/ou aplicação para o bem-estar humano, sendo estas: serviços de provisão, serviços de regulação, serviços de suporte e serviço cultural.

Atualmente, há uma forte tendência de que políticas ambientais integrem os serviços fornecidos pelos ecossistemas, afim de preservar os sistemas naturais e evitar a perda expressiva da qualidade de vida humana. A perda de fluxos destes serviços é preocupante, uma vez que replicar os mesmos pelos sistemas naturais é tarefa complexa, cara ou mesmo impossível.

Para assegurar a disponibilidade contínua de funções dos ecossistemas, a utilização dos bens e serviços associados deve ser limitada a níveis de uso sustentável, e a capacidade do meio ambiente em fornecer bens e serviços depende dos processos ecossistêmicos relacionados e dos limites de sua utilização sustentável, que são determinados por processos ecológicos tais como: integridade, resiliência e resistência. Diferentes tipos de ambientes geram diferentes qualidades e quantidades de serviços ecossistêmicos. Logo, dentre os diversos biossistemas existentes no Brasil, as praias são tidas como um dos mais importantes complexos costeiros, produzindo serviços fundamentais como retenção de sedimento, controle e estocagem de água, refúgio de biodiversidade, produção natural de alimentos e outros.

Os serviços ecossistêmicos atuam como importante ferramenta para a sensibilização e conscientização da população quanto à importância ecológica que um ambiente possui, gerando subsídios fundamentais para atividades de educação ambiental. Contudo, os litorais sofrem intensa antropização, principalmente devido à especulação mobiliária, além da colonização por povoados, afetando negativamente a qualidade dos serviços ecossistêmicos oferecidos pelas áreas naturais afetadas.

Assim, considerando a riqueza ecológica dos ambientes costeiros e a necessidade de estabelecer as suas possibilidades de uso dentro dos seus limites de resiliência e de capacidade de carga, o entendimento dos limites, possibilidades e restrições de uso de uma praia, bem como do valor atual e potencial dos serviços ecossistêmicos oferecidos, pode balizar ações e programas visando o uso responsável do litoral.

Frente a isso, torna-se importante a avaliação das técnicas de valoração de serviços ecossistêmicos, visando a geração de subsídios para tomadas de decisões no que diz respeito a problemáticas ambientais, no intuito de fomentar a preservação das mesmas e por consequência, viabilizar a manutenção dos serviços.